Em tempos de crise global, preparar-se para o normal é um exercício que envolve comportamento, processos e mudanças. A crise faz alguns crescerem, faz outros perderem e, também, faz muitos se transformarem. A crise dói, dói pelo crescimento, pela dor da perda e pela dor da transformação. O novo normal será um novo equilíbrio entre as pessoas e os seus ambientes.
Por um lado, a jornada da vida continua e vamos nos abraçar, vamos participar de corridas, de maratonas, vamos assistir jogos de futebol, ir a restaurantes e bares, ir a shows, sair e dançar, vamos amar, vamos fazer tudo isto, afinal somos humanos, somos seres inteligentes e emocionais. Nenhum medo fará com que deixemos de ser simplesmente pessoas.
Talvez este artigo fosse diferente se tivesse sido escrito há algumas semanas. Ouvi muitos webinars, relatórios, pesquisas e estudos do Brasil e do mundo. A grande maioria mostrou que, sim, a transformação vem do comportamento e está totalmente alinhada às tecnologias e ao conhecimento. Por isso, permite criarmos cenários diversos. Há de fato três atos a serem considerados no que se refere à denominada típica curva epidemiológica. Acompanhe:
- fique em casa;
- ficando mais aberto;
- o que ficará.
Imagem: Ampfy
Nossa diversidade é nossa força no planeta habitado por cerca de 8 bilhões de pessoas. Nascem cerca de 370 mil pessoas por dia, enquanto morrem cerca de 160 mil (fonte: worldmeters.info), tudo isso considerando também a existência de diferentes ambientes, culturas e níveis de acesso aos insumos básicos para viver, tais como água, saneamento, ar, alimento e, por que não, a tecnologia e a informação. Desta força, reforço que muito voltará ao normal, isto é bom e faz bem para a evolução dos humanos.
Enquanto isso, ganhamos mais consciência sobre a segurança, a saúde e o uso da tecnologia, bem como, nos tornamos mais conscientes sobre o consumo, a produção e o compartilhamento. Ganhamos com pessoas que podem olhar mais para o outro, afinal, descobrimos que todos somos um só, somos interdependentes.
Ao sair gradativamente do isolamento social vamos aprender com os outros países e suas experiências, o que funciona ou o que pode ser feito diferente por governos, culturas, hábitos e comportamentos. Enquanto isso, seguimos convivendo com o COVID-19 até que a vacina chegue a todos.
“Sabemos que a situação deve levar um bom tempo para se estabilizar”.
Já sobre como será o futuro, um interessante estudo sobre o comportamento (fonte: IPSOS – CORONAVIRUS & BEHAVIOR CHANGE) sinaliza que as adaptações devem contemplar:
- Contexto físico (canais, restrições de deslocamento);
- Contexto social (regras e influências culturais);
- Motivações (emoções e expressão de identidade);
- Atividades (habilidades e rotinas).
Imagem: Ampfy
Outros olhares para o comportamento (fonte: No One – Futuro tensionado), devem ser pautados pela dualidade entre opostos. Na sequência, explico um pouco sobre isto:
Imagem: Ampfy
Vamos aos fatos que mais se destacam:
Isolamento: O estilo de vida, as formas de trabalho, a alimentação e a saúde mental no isolamento serão impactados, enquanto as conexões, mesmo sem contato físico, serão fortalecidas com o diálogo com os vizinhos, amigos e parentes, bem como com o sentimento de solidariedade e de muito diálogo sobre as emoções e os sentimentos.
Físico: Buscaremos eventos e experiências físicas, em casa, no escritório e nas lojas, enquanto no virtual as pessoas produzirão mais conteúdos, rompendo barreiras por meio de atividades telepresenciais e telemedicina. O caminho da transformação digital é real.
O Pequeno: O olhar está voltado para o local, a produção local, os pequenos negócios e a economia social. Enquanto o grande, que são as empresas maiores continuarão grandes e serão identificadas pelos seus valores, na relação com os menores e reconhecidas pelas marcas.
Novos hábitos: Vamos terceirizar menos os serviços, vamos praticar mais exercícios em casa, vamos desperdiçar menos alimentos e vamos olhar com mais atenção para o lixo que produzimos. Além disso, a consciência financeira sobre o “quanto custa” deve tornar-se uma constante, enquanto novos vícios farão aumentar a dependência das telas do celular e ainda do consumo de álcool, jogos e apostas.
Produtividade: Vamos descobrir que ser digital é ser mais eficiente. E, também, que podemos buscar nosso aprimoramento profissional constantemente. Podemos nos tornar Workaholics, enquanto o ócio demonstrará que podemos ser mais sucintos e que podemos ocupar o tempo com prazeres e a criatividade.
Nós, que damos a audiência para tudo isto, seja pela economia, pela política ou pelo sentimento, é impossível no presente viver sem incertezas. O desafio não está em prever o futuro, mas, sim, em aprender rápido o que vier pela frente como o “normal novo normal.”
Dorian Lacerda Guimarães
Fundador e CEO da ISAT